texto publicado originalmente em 21 de agosto 2012 no site #ElasComentam
Os jogos olímpicos de Londres
terminaram há uma semana e entramos na contagem regressiva para os próximos no
Rio de Janeiro em 2016. Durante estes quatro anos de espera, novos atletas vão
surgir enquanto outros farão parte da história. Haverá tempo para se preparar e
fazer o melhor ao representar uma nação pelo esporte. E no caso do futebol
feminino do Brasil buscar a tão sonhada medalha de ouro que em Londres ficou
com as norte-americanas, tetracampeãs olímpicas da modalidade.
Tive o privilégio de escrever no
#elascomentam sobre a seleção feminina durante a olimpíada. Passei a acompanhar
mais o assunto e por isso aproveito o espaço também para dividir um pouco das
preocupações sobre o futuro destas meninas. Obter resultados em olimpíadas
nunca foi fácil, sabemos bem disso, mas desde Atlanta (1996) tivemos quatro
campanhas seguidas com medalhas. Enquanto que em 2012 ficamos apenas com o
sexto lugar.
A expectativa de trazer o
primeiro ouro olímpico era grande. Tínhamos Marta, cinco vezes a melhor do
mundo. Cristiane, a artilheira olímpica de todos os tempos. E Formiga, a
jogadora que mais vezes disputou jogos com a camisa verde e amarela. A primeira
partida contra Camarões impressionou com a goleada de cinco a zero. E foi só.
Porque no segundo jogo contra a Nova Zelândia fizemos apenas um gol e no
terceiro perdemos para a Grã-Bretanha. Mas foi a derrota para o Japão que
colocou, ainda nas quartas de final, um fim na participação brasileira nessa
olimpíada.
Para muitas atletas, Londres
representou o fim de um ciclo olímpico. Mas para quem vai seguir na seleção é
importante fazer parte de um projeto forte e que tenha como principal objetivo
um time que possa brigar por bons resultados no mundial de 2015, no Canadá, e
na Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016. Um trabalho que começou nesse fim de
semana com a participação brasileira no mundial Sub-20, disputado até 7 de
setembro no Japão. Na estreia, o time comandado pelo técnico Caio Couto empatou
com a Itália, com gols de Elena Linari (ITA) e Amanda (BRA). Nesta primeira
fase, a seleção ainda enfrenta a Nigéria – que foi a vice-campeã do Sub-20 em
2010 – e a Coreia do Sul.
O futebol feminino não deveria
estar somente nos jornais, no rádio ou na tevê quando participa de uma
olimpíada ou de mundiais. Deveria ser assunto constante. Mas não é,
infelizmente. O interesse pela modalidade é muito pequeno se comparado ao
campeonato brasileiro masculino. Só para dar um exemplo, durante a última
competição nacional, a Copa do Brasil, foram 38 jogos com média de público de
320 pagantes nos estádios. Afinal, quem vai querer investir em um campeonato
que não tem visibilidade, que não dá retorno, não tem uma marca forte, que não
é um produto que pode ser “consumido”?
Para reverter um quadro desses ainda
vai levar um tempo. Sei que pode ser difícil, mas não impossível. Além do
orçamento que a Fifa já destina ao futebol feminino brasileiro por meio da CBF,
é preciso que haja políticas públicas de investimento na modalidade, assim como
deveriam fazer alguns clubes e entidades privadas, vislumbrando retorno nos
jogos de 2016. Já pensou se existisse apoio para as meninas praticarem o
futebol nas escolas, participarem de campeonatos, contar com bolsas de estudo
para continuar treinando, fazer parte de uma universidade e ainda representar o
país jogando pela seleção? Isso mostraria ao Brasil que talento e educação são
sim ótimos aliados para a formação de novos atletas. E que o futebol não é
sinônimo de esporte só para os homens.
Twitter: @prikinder